Acontece
até o dia 13/05, a 12ª edição do Festival do Teatro Brasileiro - Cena
Gaúcha. A programação completa pode ser conferida no endereço http://www.alecrim.art.br/
O
projeto foi criado em 1999 e já deu enfoque à cena baiana,
pernambucana, cearense e mineira. Além dos espetáculos de qualidade
apresentados ao público gratuitamente ou a preços populares, o Festival
oferece oficinas e promove não só a formação de plateia e a integração
entre grupos teatrais brasileiros, mas, também, permite que estes grupos
partilhem experiências e divulguem seu trabalho nas mais diversas
localidades do território nacional.
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Espetáculo de Hoje (08/05) |
21h - Borboletas de Sol de Asas Magoadas (foto:
Walter Antunes) - O travesti Betty recebe em sua casa seus
visitantes-espectadores. Através de uma conversa informal, expondo
particularidades de seu cotidiano, Betty pretende humanizar sua figura,
desmistificar as travestis, romper clichês e preconceitos.
Faixa etária: 14 anos.
Ingressos: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia)
Local: Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro, Rua 3, esquina com Rua 9, n. 1.016, Galeria Ouro, Centro.
Tel.: (62) 3524-2541/2542
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Oficina |
Oficina: Verticalidade Cênica
Ministrante: Grupo Falos & Stercus
Data: 09 a 13/05
Horário: 18 às 22h
Descrição: A
oficina, desenvolvida pelos atores Fábio Cunha e Jeremias Lopes e pelo
diretor Marcelo Restori, tem como princípio fundamental apresentar as
técnicas radicais do rapel, para transformá-las em material de expressão
cênica. Nestes encontros, o jogo dramático e a técnica proposta se
mesclam, para a construção de uma linguagem híbrida e de expressão
artística. O rapel cênico faz parte das investigações interdisciplinares
do Falos & Stercus, pesquisa que vem sendo construída ao longo dos
21 anos de existência do grupo e que o faz ser reconhecido pelo seu
caráter original e de exceção.
Local:
Casa das Artes, Av. Anhanguera, esquina com Rua R-1, n. 7.025, Setor
Oeste (em frente ao Teatro Inacabado). Tel.: 3524-2421/2422.
Ficha de Inscrição: Baixe aqui
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Impressões Sobre o Espetáculo “O Fantástico Circo-Teatro de Um Homem Só” |
A
atração da última sexta (04/05), no Teatro do Centro Municipal de
Cultura Goiânia Ouro, dentro da programação da 12ª edição do Festival do
Teatro Brasileiro - Cena Gaúcha, foi o espetáculo “O Fantástico
Circo-Teatro de Um Homem Só”, da Cia. Rústica, de Porto Alegre,
comandado pelo ator Heinz Limaverde, sob a direção de Patrícia Fagundes.
Enquanto
o público adentrava ao Teatro e ocupava seus lugares, o ator já se
encontrava no palco, concluindo seu processo de maquiagem, em um cenário
concebido por Juliano Rossi, que mistura camarim de teatro e picadeiro
de circo.
Apesar
de apresentar-se só no palco, como destaca o título do espetáculo,
Heinz é um artista completo, que canta, dança, declama e interpreta as
mais diversas personagens.
Em
uma narrativa autobiográfica, ele inicia o espetáculo enfatizando sua
vontade de tornar-se ator, desde que era criança, quando tinha como
principal espectadora, produtora e divulgadora sua avó. Traça, então, um
perfil das Artes Cênicas no Brasil, abordando desde o circo sem lona,
passando pelo Teatro de Revista, até chegar ao teatro profissional que
encena Shakespeare.
Para
ilustrar sua narrativa, o ator caracteriza-se com as mais diversas
personagens, como a bailarina Tuma, o palhaço Dureza, He-Man e o leão
dançarino de Pelotas. Há, também, a apresentação do mágico Xing-Ling,
com sua caixa mágica que materializa pensamentos, e a velha vedete, que,
após tomar um elixir da longa vida, remoça anos frente ao público, em
uma interpretação impressionante.
Ao
relembrar as sessões de cinema que frequentava, canta trechos de
músicas imortalizadas em filmes como “Hair”, “Cantando na Chuva” e “O
Mágico de Oz”. Todas as músicas do espetáculo são interpretadas pelo
ator, tendo como acompanhamento uma caixa de som no centro do palco, que
ele mesmo manipula.
A
empatia e participação da plateia no espetáculo foram completas,
principalmente nas cenas que exigiam uma interação direta. O ritmo do
espetáculo, no entanto, mostrou-se um pouco irregular, ao apresentar
quadros muito bons, seguidos de outros não tão divertidos, e que
acabaram prejudicando um pouco a sua completa apreciação.
A
cena da mulher barbada, por exemplo, é muito longa e poderia ser
totalmente remodelada, ou mesmo suprimida, pois gerou uma quebra de
ritmo no espetáculo, que acabou afetando, inclusive, o quadro seguinte,
onde a personagem narra sua viagem de ônibus do Crato, rumo ao Sul do
País, e só foi restabelecido completamente com a excelente apresentação
do mal-humorado palhaço Azia.
No
geral, a primorosa interpretação de Heinz Limaverde garante um bom
espetáculo, apresentando um abrangente universo deste circo-teatro de um
homem só.
Gilson P. Borges
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Impressões Sobre o Espetáculo “Histórias da Carrocinha” |
A Cia. gaúcha Caixa do Elefante levou ao público do Parque Flamboyant, na tarde de sábado (05/05), dentro da programação da
12ª edição do Festival do Teatro Brasileiro - Cena Gaúcha, o espetáculo
“Histórias da Carrocinha”, dirigido por Mario de Ballentti.
São
três as “histórias” mencionadas no título do espetáculo, todas elas
costuradas pela simpática figura do apresentador-cachorro Abelardo (daí a
substituição de “Carochinha” por “Carrocinha”, à qual o título faz
alusão), que teima em perder e perseguir seu próprio rabo.
No
primeiro episódio, intitulado “O Vendedor de Balões”, o Sr. Unhoso
pretende furar, com suas unhas, todos os balões do referido vendedor. No
segundo, “A Rua dos Fantasmas”, Maria tenta se livrar, com a ajuda de
Joãozinho, dos fantasmas e do diabo que invadiram sua casa. No terceiro,
“O Padeiro e o Diabo”, o padeiro Ronaldinho enfrenta um diabo de três
rabos, que quer se apossar de todos os seus pães.
Todos
os episódios são apresentados em uma empanada, a qual traz, na parte
superior, uma estrutura que estampa o título do espetáculo e um galo,
que canta ao início da encenação e também indica os pontos cardeais.
A
perfeita manipulação dos bonecos, que fica a cargo dos
atores-manipuladores Paulo Balardim e Mario de Ballentti, principalmente
com o auxílio das técnicas de luva, vara e luva com vara, é o ponto
forte do espetáculo. Todas as personagens deslizam pelo topo da empanada
em completa sincronia e precisão.
A
interação com a plateia é constante e as improvisações aproximam as
histórias narradas da realidade goiana, mas os episódios são um pouco
longos, quebrando, de certa forma, o ritmo da encenação. A inclusão de
mais uma história, por exemplo, permitiria a redução da ação das outras
três, dando mais dinamismo a todas elas.
A
repetição da utilização da personagem do diabo, em “A Rua dos
Fantasmas” e “O Padeiro e o Diabo”, que também aparece, de certa forma,
em “O Vendedor de Balões”, já que o Sr. Unhoso, por sua aparência e
ações, também pode ser interpretado como uma espécie de diabo, torna-se
um pouco excessiva, bem como a utilização de um porrete para abatê-lo,
prejudicando, de certa forma, o que era novidade na primeira história
apresentada.
A
linguagem empregada nas narrações, principalmente aquelas que envolvem
situações de improvisação, causam certa dificuldade na identificação do
público ao qual o espetáculo está sendo realmente dirigido. Por exemplo,
a utilização do metateatro, bem como algumas referências à atualidade,
não parecem ser de fácil assimilação pelo público infantil. A falta de
acento na palavra “Histórias”, estampada no topo da empanada, também não
é muito adequada ao público infantil (e nem ao público adulto).
Concluindo,
com alguns ajustes de roteiro, “Histórias da Carrocinha”, que já é um
bom espetáculo e conta com ótima manipulação e interpretação, pode se
tornar um excelente espetáculo.
Gilson P. Borges
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Impressões Sobre o Espetáculo “A Tecelã” |
Mais
um espetáculo de qualidade destacou-se no último domingo (06/05), no
Teatro do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás,
dentro da programação da 12ª edição do Festival do Teatro Brasileiro -
Cena Gaúcha.
Com
direção de encenação, dramaturgia e concepção estética de Paulo
Balardim, a Cia. gaúcha Caixa do Elefante apresentou o espetáculo “A
Tecelã”, personagem capaz de tecer e materializar (até certo ponto)
todos os seus desejos.
Começando
com a manipulação de um novelo de lã, passando pela utilização de uma
cadeira, transformada em barriga e em mesa, sobre a qual surgem, por
meio de técnicas de ilusionismo, um copo, um pedaço de pão, uma garrafa e
um chapéu, a Tecelã materializa, para preencher a solidão dos seus dias
de labor, a figura do seu “príncipe encantado”, o qual, por algum
desvio na tessitura, ou porque não é possível controlar o fio do
destino, se transforma em seu rei e, por fim, em seu algoz.
O
elenco compõe-se das atrizes Carolina Garcia, Valquíria Cardoso e
Viviana Schames, mas, algumas vezes, é difícil identificar quantas
pessoas estão realmente em cena, já que a perfeita manipulação não
permite distinguir, claramente, quem é gente e quem é boneco. Alguns
bonecos, como o do “príncipe”, por exemplo, parecem, em certos momentos,
realmente ganhar vida, como ocorre na cena em que ele e a Tecelã se
abraçam no piso do palco, o qual, por ser elevado, dá a ideia de
apresentar uma caixa cênica dentro de outra caixa cênica, onde bonecos
(e também atores) são manipulados. O mesmo ocorre com a primeira
aparição do boneco da tecelã, que, por alguns instantes, confunde-se com
a figura da atriz que a interpreta.
Ao
ilusionismo unem-se a projeção de imagens, popularizada pelo grupo
Lanterna Magika, de Praga, Teatro de Sombras, mímica e técnicas de
manipulação de bonecos, como a manipulação direta e com vara, que estão
presentes, mas são até difíceis de serem identificadas, pois a
iluminação do espetáculo, concebida por Bathista Freire e Daniel Fetter,
é tão precisa, harmoniosa e bem desenhada que acaba camuflando a
técnica e ressaltando a beleza das imagens.
A
trilha sonora composta originalmente para o espetáculo por Nico
Nicolaiewsky é de fundamental importância para delimitar o ritmo e o
clima tenso, trágico ou poético de cada cena (e o faz muito bem), já que
a peça não possui diálogos falados.
A cena de composição do “príncipe” pareceu um pouco longa, mas nada que chegue a comprometer a beleza do espetáculo.
A perfeita integração entre iluminação, trilha sonora, figurino,
interpretação e manipulação destacam, também, o mérito da direção, que
conseguiu proporcionar ao público um espetáculo poético de grande
encantamento, por meio da protagonista Carolina Garcia (sem esquecer o
mérito do trabalho executado conjuntamente por toda a equipe), que
apresenta um resultado digno daquele tecido por Aracne, na Mitologia
Grega, só que sem terminar transformada em aranha pela deusa Atena,
devido à inveja nela despertada pela habilidade da tecelã.
Gilson P. Borges
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Impressões Sobre as Apresentações Musicais do Festival |
Além
da programação teatral, a 12ª edição do Festival do Teatro Brasileiro -
Cena Gaúcha proporcionou, também, ao público goiano, apresentações
musicais, que ficaram a cargo da banda DeFalla e do Renato Borghetti
Quarteto, além do goiano Tom Chris, que foi escolhido para participar do
intercâmbio musical com as duas bandas gaúchas.
Os
três grupos apresentaram-se no último sábado (05/05), em palco armado
no Parque Flamboyant, em sequência às apresentações teatrais do
Festival.
A
primeira a subir ao palco foi a banda DeFalla, cujo nome homenageia o
compositor espanhol Manuel de Falla, e surgiu em 1984, em Porto Alegre,
misturando estilos como o rock psicodélico, hard, funk e rap. Sua
formação inclui o vocalista Edu K, o guitarrista Castor Daudt, o
baixista Flávio Santos e a baterista Biba Meira, uma das primeiras
mulheres a tocar bateria em uma banda.
Infelizmente,
o show do DeFalla não conseguiu empolgar muito a plateia. Não por culpa
da banda, que demonstrou muita competência, integração e carisma, mas
por pura incompatibilidade entre horário, público e estilo musical. A
banda foi a primeira a se apresentar (às 19h), e o público presente
consistia, basicamente, de pais e crianças, que acompanharam a
programação teatral infantil da tarde, bem como pessoas de mais idade,
que já haviam chegado para prestigiar o show do Renato Borghetti
Quarteto. Este público acompanhou com grande dose de apatia (alguns até
com certa indignação) a execução de músicas como “Sodomia” e “Popozuda
Rock’n’Roll”. Alguns, porém, deleitaram-se com o espetáculo, já que
acompanham e apreciam o trabalho da banda desde o seu surgimento.
Na
sequência, apresentou-se o cantor goiano Tom Chris, que atraiu um grupo
de fãs que já acompanha suas frequentes apresentações na cidade de
Goiânia, o qual cantou junto com ele músicas de compositores goianos e
hits consagrados da MPB. Algumas pessoas aproveitaram a oportunidade
para tirar fotos de si mesmas na frente do palco, tendo o cantor como
imagem de fundo.
Tom
Chris cantou acompanhado pelo virtuose Luiz Chaffin (violão e guitarra)
e pelos não menos competentes Marcelo Maia (baixo), Guilherme Santana
(bateria) e Willian Cândido (teclado).
Concluindo
as apresentações musicais da programação, subiu ao palco a mais
esperada atração: Renato Borghetti. Sem abandonar a música de raiz
gaúcha, como o vanerão, a milonga e o chamamé, o músico soube utilizar
seu acordeom para modernizar estes ritmos, dotando-os de um estilo mais
jazzístico, assim como fez Astor Piazzolla, conquistando admiradores no
mundo todo.
Borghetti
apresentou-se acompanhado pelos excelentes músicos Daniel Sá (violão),
Pedrinho Figueiredo (flauta e sax) e Vitor Peixoto (teclados). A falha
no som que afetou, por alguns minutos, a execução inicial das notas do
violão, flauta e acordeom, após superada, permitiu que a atenção do
público fosse total, durante toda a apresentação, levando algumas
pessoas, inclusive, a dançar ou a ligar para vizinhos e amigos,
convidando-os para dirigirem-se ao local imediatamente, pois estavam
perdendo um grande show.
Gilson P. Borges
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Impressões Sobre o Espetáculo “Gringa Errante” |
No
último domingo (06/05), o público frequentador da Feira do Cerrado teve
a oportunidade de acompanhar o espetáculo “Gringa Errante”, dentro da
programação da 12ª edição do Festival do Teatro Brasileiro - Cena
Gaúcha.
Trata-se
de uma combinação entre a linguagem do clown, Teatro de Rua e Teatro de
Animação, apresentada pela atriz, palhaça e bonequeira Genifer
Gerhardt, por meio de sua personagem Palitolina Russo. Além de atuar,
Genifer também recebe os créditos pela direção, roteiro e confecção dos
bonecos e adereços de cena.
Ao
invés de iniciar seu espetáculo no local que já encontrava-se preparado
para a apresentação, Genifer aproveitou muito bem a oportunidade de
interação com o espaço e o público, ao optar por sair já caracterizada
como Palitolina do estacionamento da feira e ir percorrendo várias
bancas, cumprimentando e convidando feirantes e visitantes a assistirem o
espetáculo.
O
cenário compõe-se de duas malas, das quais brotam duas altas flores
confeccionadas com tecido, que são utilizadas em uma das cenas. Seu
figurino, juntamente com o nariz de palhaço e um toque especial dado por
seu gorro, o qual conta com uma armação de arame que permite a mudança
do seu formato, caracterizam perfeitamente a personagem Palitolina.
A
interação constante é o que garante a graça e o ritmo fluente do
espetáculo, não somente por meio da seleção de “voluntários” que ajudam
na construção de cada quadro, mas, também, da utilização de ações
simples, como pedir a pessoas do público que partilhem com ela o que
estão bebendo ou comendo. A simpatia natural da atriz torna tais ações
ainda mais efetivas.
As
técnicas de clown utilizadas são enormemente enriquecidas com as
técnicas de manipulação, como ocorre no quadro em que Palitolina
contracena com um casaco vestido em um tripé, encimado por um chapéu,
conseguindo, em certos momentos, o efeito de que o paletó realmente
tivesse ganhado certa dose de vida. O mesmo ocorre com os delicados
movimentos utilizados por ela para manipular uma boneca que reproduz sua
própria imagem, e que, por sua vez, manipula uma boneca menor ainda,
com a mesma aparência. Esta cena é de beleza, ternura e poética ímpares e
chegou a arrancar diversos comentários positivos da plateia.
Todas
as cenas e ações funcionaram muito bem, o que deu a impressão de o
espetáculo ser mais curto do que poderia ser. A inclusão de mais um
quadro seria muito bem-vinda e poderia ajudar a suprir a sensação de
“saciedade” da plateia.
O
uso de microfone, principalmente em espaços maiores e ruidosos, faz-se
necessário, a fim de que toda a ação seja devidamente acompanhada pelo
público e que o tom de voz um pouco esganiçado, utilizado pela atriz
quando o barulho aumenta, com o intuito de se fazer ouvir melhor, seja
suavizado, tornando a interpretação ainda melhor.
Enfim,
a “Gringa Errante” Palitolina, apesar de seu comportamento
aparentemente desajeitado, conquistou a todos com sua simpatia, técnica,
graça e poesia.
Fonte: Gyn Cultural
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