quarta-feira, 9 de maio de 2012

Programação Cultural Semanal

12ª edição do Festival do Teatro Brasileiro - Cena Gaúcha
Acontece até o dia 13/05, a 12ª edição do Festival do Teatro Brasileiro - Cena Gaúcha. A programação completa pode ser conferida no endereço http://www.alecrim.art.br/2012/.
O projeto foi criado em 1999 e já deu enfoque à cena baiana, pernambucana, cearense e mineira. Além dos espetáculos de qualidade apresentados ao público gratuitamente ou a preços populares, o Festival oferece oficinas e promove não só a formação de plateia e a integração entre grupos teatrais brasileiros, mas, também, permite que estes grupos partilhem experiências e divulguem seu trabalho nas mais diversas localidades do território nacional.
Espetáculo de Hoje (08/05)
21h - Borboletas de Sol de Asas Magoadas (foto: Walter Antunes) - O travesti Betty recebe em sua casa seus visitantes-espectadores. Através de uma conversa informal, expondo particularidades de seu cotidiano, Betty pretende humanizar sua figura, desmistificar as travestis, romper clichês e preconceitos.
Faixa etária: 14 anos.
Ingressos: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia)

Local: Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro, Rua 3, esquina com  Rua 9, n. 1.016, Galeria Ouro, Centro.
Tel.: (62) 3524-2541/2542
Oficina
Oficina: Verticalidade Cênica
Ministrante: Grupo Falos & Stercus
Data: 09 a 13/05
Horário: 18 às 22h
Descrição: A oficina, desenvolvida pelos atores Fábio Cunha e Jeremias Lopes e pelo diretor Marcelo Restori, tem como princípio fundamental apresentar as técnicas radicais do rapel, para transformá-las em material de expressão cênica. Nestes encontros, o jogo dramático e a técnica proposta se mesclam, para a construção de uma linguagem híbrida e de expressão artística. O rapel cênico faz parte das investigações interdisciplinares do Falos & Stercus, pesquisa que vem sendo construída ao longo dos 21 anos de existência do grupo e que o faz ser reconhecido pelo seu caráter original e de exceção.

Local: Casa das Artes, Av. Anhanguera, esquina com Rua R-1, n. 7.025, Setor Oeste (em frente ao Teatro Inacabado). Tel.: 3524-2421/2422.
Ficha de Inscrição: Baixe aqui
A ficha deve ser preenchida e enviada para o e-mail oficinasftb@gmail.com.
Impressões Sobre o Espetáculo “O Fantástico Circo-Teatro de Um Homem Só”
             A atração da última sexta (04/05), no Teatro do Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro, dentro da programação da 12ª edição do Festival do Teatro Brasileiro - Cena Gaúcha, foi o espetáculo “O Fantástico Circo-Teatro de Um Homem Só”, da Cia. Rústica, de Porto Alegre, comandado pelo ator Heinz Limaverde, sob a direção de Patrícia Fagundes.
Enquanto o público adentrava ao Teatro e ocupava seus lugares, o ator já se encontrava no palco, concluindo seu processo de maquiagem, em um cenário concebido por Juliano Rossi, que mistura camarim de teatro e picadeiro de circo.
Apesar de apresentar-se só no palco, como destaca o título do espetáculo, Heinz é um artista completo, que canta, dança, declama e interpreta as mais diversas personagens.
Em uma narrativa autobiográfica, ele inicia o espetáculo enfatizando sua vontade de tornar-se ator, desde que era criança, quando tinha como principal espectadora, produtora e divulgadora sua avó. Traça, então, um perfil das Artes Cênicas no Brasil, abordando desde o circo sem lona, passando pelo Teatro de Revista, até chegar ao teatro profissional que encena Shakespeare.
Para ilustrar sua narrativa, o ator caracteriza-se com as mais diversas personagens, como a bailarina Tuma, o palhaço Dureza, He-Man e o leão dançarino de Pelotas. Há, também, a apresentação do mágico Xing-Ling, com sua caixa mágica que materializa pensamentos, e a velha vedete, que, após tomar um elixir da longa vida, remoça anos frente ao público, em uma interpretação impressionante.
Ao relembrar as sessões de cinema que frequentava, canta trechos de músicas imortalizadas em filmes como “Hair”, “Cantando na Chuva” e “O Mágico de Oz”. Todas as músicas do espetáculo são interpretadas pelo ator, tendo como acompanhamento uma caixa de som no centro do palco, que ele mesmo manipula.
A empatia e participação da plateia no espetáculo foram completas, principalmente nas cenas que exigiam uma interação direta. O ritmo do espetáculo, no entanto, mostrou-se um pouco irregular, ao apresentar quadros muito bons, seguidos de outros não tão divertidos, e que acabaram prejudicando um pouco a sua completa apreciação.
A cena da mulher barbada, por exemplo, é muito longa e poderia ser totalmente remodelada, ou mesmo suprimida, pois gerou uma quebra de ritmo no espetáculo, que acabou afetando, inclusive, o quadro seguinte, onde a personagem narra sua viagem de ônibus do Crato, rumo ao Sul do País, e só foi restabelecido completamente com a excelente apresentação do mal-humorado palhaço Azia.
No geral, a primorosa interpretação de Heinz Limaverde garante um bom espetáculo, apresentando um abrangente universo deste circo-teatro de um homem só.

Gilson P. Borges
Impressões Sobre o Espetáculo “Histórias da Carrocinha”
            A Cia. gaúcha Caixa do Elefante levou ao público do Parque Flamboyant, na tarde de sábado (05/05), dentro da programação da 12ª edição do Festival do Teatro Brasileiro - Cena Gaúcha, o espetáculo “Histórias da Carrocinha”, dirigido por Mario de Ballentti.
São três as “histórias” mencionadas no título do espetáculo, todas elas costuradas pela simpática figura do apresentador-cachorro Abelardo (daí a substituição de “Carochinha” por “Carrocinha”, à qual o título faz alusão), que teima em perder e perseguir seu próprio rabo.
No primeiro episódio, intitulado “O Vendedor de Balões”, o Sr. Unhoso pretende furar, com suas unhas, todos os balões do referido vendedor. No segundo, “A Rua dos Fantasmas”, Maria tenta se livrar, com a ajuda de Joãozinho, dos fantasmas e do diabo que invadiram sua casa. No terceiro, “O Padeiro e o Diabo”, o padeiro Ronaldinho enfrenta um diabo de três rabos, que quer se apossar de todos os seus pães.
Todos os episódios são apresentados em uma empanada, a qual traz, na parte superior, uma estrutura que estampa o título do espetáculo e um galo, que canta ao início da encenação e também indica os pontos cardeais.
A perfeita manipulação dos bonecos, que fica a cargo dos atores-manipuladores Paulo Balardim e Mario de Ballentti, principalmente com o auxílio das técnicas de luva, vara e luva com vara, é o ponto forte do espetáculo. Todas as personagens deslizam pelo topo da empanada em completa sincronia e precisão.
A interação com a plateia é constante e as improvisações aproximam as histórias narradas da realidade goiana, mas os episódios são um pouco longos, quebrando, de certa forma, o ritmo da encenação. A inclusão de mais uma história, por exemplo, permitiria a redução da ação das outras três, dando mais dinamismo a todas elas.
A repetição da utilização da personagem do diabo, em “A Rua dos Fantasmas” e “O Padeiro e o Diabo”, que também aparece, de certa forma, em “O Vendedor de Balões”, já que o Sr. Unhoso, por sua aparência e ações, também pode ser interpretado como uma espécie de diabo, torna-se um pouco excessiva, bem como a utilização de um porrete para abatê-lo, prejudicando, de certa forma, o que era novidade na primeira história apresentada.
A linguagem empregada nas narrações, principalmente aquelas que envolvem situações de improvisação, causam certa dificuldade na identificação do público ao qual o espetáculo está sendo realmente dirigido. Por exemplo, a utilização do metateatro, bem como algumas referências à atualidade, não parecem ser de fácil assimilação pelo público infantil. A falta de acento na palavra “Histórias”, estampada no topo da empanada, também não é muito adequada ao público infantil (e nem ao público adulto).
Concluindo, com alguns ajustes de roteiro, “Histórias da Carrocinha”, que já é um bom espetáculo e conta com ótima manipulação e interpretação, pode se tornar um excelente espetáculo.

Gilson P. Borges
Impressões Sobre o Espetáculo “A Tecelã”
           Mais um espetáculo de qualidade destacou-se no último domingo (06/05), no Teatro do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, dentro da programação da 12ª edição do Festival do Teatro Brasileiro - Cena Gaúcha.
Com direção de encenação, dramaturgia e concepção estética de Paulo Balardim, a Cia. gaúcha Caixa do Elefante apresentou o espetáculo “A Tecelã”, personagem capaz de tecer e materializar (até certo ponto) todos os seus desejos.
Começando com a manipulação de um novelo de lã, passando pela utilização de uma cadeira, transformada em barriga e em mesa, sobre a qual surgem, por meio de técnicas de ilusionismo, um copo, um pedaço de pão, uma garrafa e um chapéu, a Tecelã materializa, para preencher a solidão dos seus dias de labor, a figura do seu “príncipe encantado”, o qual, por algum desvio na tessitura, ou porque não é possível controlar o fio do destino, se transforma em seu rei e, por fim, em seu algoz.
O elenco compõe-se das atrizes Carolina Garcia, Valquíria Cardoso e Viviana Schames, mas, algumas vezes, é difícil identificar quantas pessoas estão realmente em cena, já que a perfeita manipulação não permite distinguir, claramente, quem é gente e quem é boneco. Alguns bonecos, como o do “príncipe”, por exemplo, parecem, em certos momentos, realmente ganhar vida, como ocorre na cena em que ele e a Tecelã se abraçam no piso do palco, o qual, por ser elevado, dá a ideia de apresentar uma caixa cênica dentro de outra caixa cênica, onde bonecos (e também atores) são manipulados. O mesmo ocorre com a primeira aparição do boneco da tecelã, que, por alguns instantes, confunde-se com a figura da atriz que a interpreta.
Ao ilusionismo unem-se a projeção de imagens, popularizada pelo grupo Lanterna Magika, de Praga, Teatro de Sombras, mímica e técnicas de manipulação de bonecos, como a manipulação direta e com vara, que estão presentes, mas são até difíceis de serem identificadas, pois a iluminação do espetáculo, concebida por Bathista Freire e Daniel Fetter, é tão precisa, harmoniosa e bem desenhada que acaba camuflando a técnica e ressaltando a beleza das imagens.
A trilha sonora composta originalmente para o espetáculo por Nico Nicolaiewsky é de fundamental importância para delimitar o ritmo e o clima tenso, trágico ou poético de cada cena (e o faz muito bem), já que a peça não possui diálogos falados.
A cena de composição do “príncipe” pareceu um pouco longa, mas nada que chegue a comprometer a beleza do espetáculo.
            A perfeita integração entre iluminação, trilha sonora, figurino, interpretação e manipulação destacam, também, o mérito da direção, que conseguiu proporcionar ao público um espetáculo poético de grande encantamento, por meio da protagonista Carolina Garcia (sem esquecer o mérito do trabalho executado conjuntamente por toda a equipe), que apresenta um resultado digno daquele tecido por Aracne, na Mitologia Grega, só que sem terminar transformada em aranha pela deusa Atena, devido à inveja nela despertada pela habilidade da tecelã.

Gilson P. Borges
Impressões Sobre as Apresentações Musicais do Festival
           Além da programação teatral, a 12ª edição do Festival do Teatro Brasileiro - Cena Gaúcha proporcionou, também, ao público goiano, apresentações musicais, que ficaram a cargo da banda DeFalla e do Renato Borghetti Quarteto, além do goiano Tom Chris, que foi escolhido para participar do intercâmbio musical com as duas bandas gaúchas.
Os três grupos apresentaram-se no último sábado (05/05), em palco armado no Parque Flamboyant, em sequência às apresentações teatrais do Festival.
A primeira a subir ao palco foi a banda DeFalla, cujo nome homenageia o compositor espanhol Manuel de Falla, e surgiu em 1984, em Porto Alegre, misturando estilos como o rock psicodélico, hard, funk e rap. Sua formação inclui o vocalista Edu K, o guitarrista Castor Daudt, o baixista Flávio Santos e a baterista Biba Meira, uma das primeiras mulheres a tocar bateria em uma banda.
Infelizmente, o show do DeFalla não conseguiu empolgar muito a plateia. Não por culpa da banda, que demonstrou muita competência, integração e carisma, mas por pura incompatibilidade entre horário, público e estilo musical. A banda foi a primeira a se apresentar (às 19h), e o público presente consistia, basicamente, de pais e crianças, que acompanharam a programação teatral infantil da tarde, bem como pessoas de mais idade, que já haviam chegado para prestigiar o show do Renato Borghetti Quarteto. Este público acompanhou com grande dose de apatia (alguns até com certa indignação) a execução de músicas como “Sodomia” e “Popozuda Rock’n’Roll”. Alguns, porém, deleitaram-se com o espetáculo, já que acompanham e apreciam o trabalho da banda desde o seu surgimento.
Na sequência, apresentou-se o cantor goiano Tom Chris, que atraiu um grupo de fãs que já acompanha suas frequentes apresentações na cidade de Goiânia, o qual cantou junto com ele músicas de compositores goianos e hits consagrados da MPB. Algumas pessoas aproveitaram a oportunidade para tirar fotos de si mesmas na frente do palco, tendo o cantor como imagem de fundo.
Tom Chris cantou acompanhado pelo virtuose Luiz Chaffin (violão e guitarra) e pelos não menos competentes Marcelo Maia (baixo), Guilherme Santana (bateria) e Willian Cândido (teclado).
Concluindo as apresentações musicais da programação, subiu ao palco a mais esperada atração: Renato Borghetti. Sem abandonar a música de raiz gaúcha, como o vanerão, a milonga e o chamamé, o músico soube utilizar seu acordeom para modernizar estes ritmos, dotando-os de um estilo mais jazzístico, assim como fez Astor Piazzolla, conquistando admiradores no mundo todo.
Borghetti apresentou-se acompanhado pelos excelentes músicos Daniel Sá (violão), Pedrinho Figueiredo (flauta e sax) e Vitor Peixoto (teclados). A falha no som que afetou, por alguns minutos, a execução inicial das notas do violão, flauta e acordeom, após superada, permitiu que a atenção do público fosse total, durante toda a apresentação, levando algumas pessoas, inclusive, a dançar ou a ligar para vizinhos e amigos, convidando-os para dirigirem-se ao local imediatamente, pois estavam perdendo um grande show.

Gilson P. Borges
Impressões Sobre o Espetáculo “Gringa Errante”
           No último domingo (06/05), o público frequentador da Feira do Cerrado teve a oportunidade de acompanhar o espetáculo “Gringa Errante”, dentro da programação da 12ª edição do Festival do Teatro Brasileiro - Cena Gaúcha.
Trata-se de uma combinação entre a linguagem do clown, Teatro de Rua e Teatro de Animação, apresentada pela atriz, palhaça e bonequeira Genifer Gerhardt, por meio de sua personagem Palitolina Russo. Além de atuar, Genifer também recebe os créditos pela direção, roteiro e confecção dos bonecos e adereços de cena.
Ao invés de iniciar seu espetáculo no local que já encontrava-se preparado para a apresentação, Genifer aproveitou muito bem a oportunidade de interação com o espaço e o público, ao optar por sair já caracterizada como Palitolina do estacionamento da feira e ir percorrendo várias bancas, cumprimentando e convidando feirantes e visitantes a assistirem o espetáculo.
O cenário compõe-se de duas malas, das quais brotam duas altas flores confeccionadas com tecido, que são utilizadas em uma das cenas. Seu figurino, juntamente com o nariz de palhaço e um toque especial dado por seu gorro, o qual conta com uma armação de arame que permite a mudança do seu formato, caracterizam perfeitamente a personagem Palitolina.
A interação constante é o que garante a graça e o ritmo fluente do espetáculo, não somente por meio da seleção de “voluntários” que ajudam na construção de cada quadro, mas, também, da utilização de ações simples, como pedir a pessoas do público que partilhem com ela o que estão bebendo ou comendo. A simpatia natural da atriz torna tais ações ainda mais efetivas.
As técnicas de clown utilizadas são enormemente enriquecidas com as técnicas de manipulação, como ocorre no quadro em que Palitolina contracena com um casaco vestido em um tripé, encimado por um chapéu, conseguindo, em certos momentos, o efeito de que o paletó realmente tivesse ganhado certa dose de vida. O mesmo ocorre com os delicados movimentos utilizados por ela para manipular uma boneca que reproduz sua própria imagem, e que, por sua vez, manipula uma boneca menor ainda, com a mesma aparência. Esta cena é de beleza, ternura e poética ímpares e chegou a arrancar diversos comentários positivos da plateia.
Todas as cenas e ações funcionaram muito bem, o que deu a impressão de o espetáculo ser mais curto do que poderia ser. A inclusão de mais um quadro seria muito bem-vinda e poderia ajudar a suprir a sensação de “saciedade” da plateia.
O uso de microfone, principalmente em espaços maiores e ruidosos, faz-se necessário, a fim de que toda a ação seja devidamente acompanhada pelo público e que o tom de voz um pouco esganiçado, utilizado pela atriz quando o barulho aumenta, com o intuito de se fazer ouvir melhor, seja suavizado, tornando a interpretação ainda melhor.
Enfim, a “Gringa Errante” Palitolina, apesar de seu comportamento aparentemente desajeitado, conquistou a todos com sua simpatia, técnica, graça e poesia.

Fonte: Gyn Cultural

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